Sonho ou ilusão?

Olá, garotas!

Nos últimos meses estive procurando muito na rede coisas relacionadas à tematica em questão, quero dizer, sobre feminismo, lesbianismo... e enfim... Encontrei o GT e gostei principalmente pelo fato da interatividade, de possibilitar essa oportunidade de interação, comunicação, trocar ideias e confidencias com outras garotas e tal... Acho que o meu maior interesse, diga-se que de passagem, é também poder ser melhor compreendida por mim mesma. Bem, na realidade, acho que ainda não consegui me encontrar e penso que não sei muito bem quem sou. Jamais tive qualquer envolvimento homoafetivo em toda a minha vida, porém, no ano passado conheci uma garota na faculdade, nos tornamos muito amigas e parece que estou me sentindo um pouco atraída e apaixonada por ela. Não sei se isso significa que eu seja lésbica ou não... Penso nela a todo instante, todos os dias, todas as horas... Ela é o meu primeiro pensamento quando nasce o dia e o ultimo quando vou dormir. É como um vício, mas tudo muito platônico, silencioso e secreto... Sinto-me então dividida e duvidosa entre o sonho e a realidade e muitas vezes confusa: não sei se é ilusão, talvez quem sabe eu mesma tenha inventado uma paixão... Enfim, acho que é isso .
Abraços a todas.

É bom poder falar sobre isso com alguém, pois ainda são poucas as pessoas que demonstram ter compreensão quanto a essas questões existenciais.
Se eu não tivesse o hábito de escrever em meu diário pessoal, já teria há muito tempo me sufocado. Parece que é preciso ter muita ousadia, coragem e despudor para tomar as decisões e fazer certas escolhas... O romantismo em excesso também me parece ser um grande problema, pelo menos para mim, que acredita ser o amor um princípio, e não simplesmente um desejo a ser satisfeito. Também não sei se os nossos desejos devem ser necessariamente realizados, principalmente quando há outras coisas importantes em jogo, por exemplo: O risco de perder uma amizade maravilhosa que faz bem ... Sei lá, é tudo tão complexo e contraditório, ao mesmo tempo tão simples e comum, que chega a ser algo excitante e até assustador.

O grande aliado do sonhador são as palavras, pois elas vem da mente e essa sempre está em ebulição. Também escrevi por anos na adolescência, mas eram poesias e hoje as analisando vejo o quanto de melancolia havia em mim. Chega um momento na vida que as palavras param porque nós começamos a torná-las atos e aí começamos a amadurecer. Se não quer perder uma amizade, então foque ir a lugares que nunca foi, a encarar a vida de outra forma. Se não podemos mudar o rumo de um caminho, que possamos escolher outro para ver onde vai dar.
Não há problema algum em manter o romantismo, mas procure saber se isso não é idealizado. Na vida dá pra ter romantismo sim, mas as situações reais estão longe de ser "contos de fadas".
Saia do centro do seu problema e visualize ao redor...vai ver quem tem muito mais coisas do que uma pessoa só.

Beijosss

É... Pode ser mesmo. O fato é que nunca consegui parar de escrever e há momentos em que as palavras são inevitáveis e indispensáveis. Uma angustiante necessidade, que me faz pensar que melhor seria deixar de existir do que parar de escrever. E, assim, escrevo por tudo ou por quase tudo. Algumas vezes, escrevo de mim para mim mesma... Ainda escrevo cartas, versos, poemas, um diário e ainda guardo antigas cartas de amor e de belas amizades. Inclusive, mantenho uma correspondência virtual com essa amiga sobre quem mencionei. O que pode ser algo até desnecessário já que moramos na mesma cidade. E eu a vejo quase todos os dias. Frequentamos ambientes em comuns e sempre podemos nos encontrar. Mesmo assim, ainda compartilhamos coisas simples do dia-a-dia nessas longas mensagens que trocamos quase que diariamente por e-mail.
E quando eu não a vejo ou não recebo nenhuma mensagem dela, sinto um vazio indescritível em meu ser, como se o meu dia perdesse todo o sentido e tudo ficasse um pouco nublado.
Pode até ser que eu tenha idealizado tudo isso sim, ou esteja confusa, é possível também, mas ela corresponde às minhas mensagens, parece haver reciprocidade ou então ela sabe mentir e fingir muito bem! Pois é muito gentil, sensível, delicada, amável, carinhosa... E as mensagens dela são tão singelas, amigáveis, belíssimas... É como se as nossas mensagens nos aproximássemos cada vez mais, formando um elo indestrutível, uma ligação intensa e bem profunda. Tanto que me parece até que quando estamos mais distantes geograficamente, nesses momentos, na extensão da distância e da ausência, são exatamente nesses momentos nos quais nos encontramos bem mais próximas e mais ligadas uma da outra. Não sei se dá pra entender, mas é isso.
Bjs

Entendo sim, talvez a sensação que isso tudo proporciona seja reconfortante, como talvez o real não pudesse.
Já pensou em escrever romances. Gostei da forma como escreveu, pode ser uma portal para sua criatividade ainda não vivenciada na realidade e que outras mulheres também podem sentir.
Para o medo existem os falsos nomes e com um você se solta e cria, poetisa e ilumina. Pense nisso!!

Beijoss

Bem, isso me parece ser algo bem estimulante! Não havia pensando nessa possibilidade e me parece empolgante, um desafio também. E gosto de coisas assim. Já escrevi histórias bem curtas despretensiosamente, mas nada assim desse tipo. Até porque antes eu não pensava nas mulheres. Sempre gostei muito de ler romances, mas em relação aos romances que abordam essa temática do amor entre as mulheres, ainda não li nenhum. Cheguei até a ler alguns contos que encontrei na internet, mas havia muita sacanagem e obscenidades. Também não estou aqui criticando ou censurando os tais contos que li. Deve haver sim um público-alvo, os leitores mais interessados neles e para os quais os mesmos atendam às finalidades. Afinal, todo mundo tem o seu lado sacana, mas, algumas vezes, o meu espírito anseia por algo mais, além disso. É por isso que achei interessante e tentadora a sua ideia de escrever um romance, seria uma novidade para mim. E por que não? Tenho me sentido bem com tudo isso que sinto, embora haja momentos dolorosos, ainda assim é algo que me traz encantamento... sonhos... felicidade... É, é bem isso mesmo.

Então caneta em mãos e comece!
Geralmente exploram o lado carnal mesmo, mas não quer dizer que não existam pessoas interessadas em romances mesmo.
Por favor, tudo bem que a história é sua, é sua criatividade, mas não dê um rumo muito sofrido e um final trágico! hahaha. Todos os filmes, ou quase, aos quais assisti foram assim. Acredito que nós mulheres lésbicas merecemos mais encantos, momentos felizes e finais felizes!!!

Beijos

Concordo com você e também não quero fazer nada assim tão dramático ou trágico do tipo “Romeu e Julieta” numa versão lésbica dos tempos modernos, não. Muito embora, ainda me custe muito acreditar em amores felizes. Acho que não é exatamente um caso específico das histórias das mulheres lésbicas... Grandes amores, ah, nem sempre dão certo os grandes amores, vai ver que é por isso que foram tão grandes... Tão marcantes e inesquecíveis... E, assim, se imortalizaram na história, no imaginário e na vida de gerações. Mas nesse fascinante universo literário tudo é possível e nele podemos ir aonde desejarmos. Não há limites, regras, normas e condutas sociais pré-estabelecidas... Podemos viver a nossa vida ou qualquer outra vida que quisermos. Há quem diga ser "uma vida dentro de outra vida" e é por isso que é assim tão mágico o envolver-se com as palavras, não é mesmo?

Claro que existe amores felizes!!
Estou num relacionamento há quase 5 anos e sou bem feliz! O que acontece é que acertar o par é complicado, pois as pessoas vivem em vibrações diferentes, querendo coisas diferentes, sem maturidade. O amor difere da paixão. Um é conquista vivida todos os dias, o outro é a conquista de alguns dias.
Pense nisso e crie algo diferente da realidade, afinal para que palavras sem fantasia se a realidade muitas vezes é tão cruel?!
Beijos

Muito bom saber disso. Desejo-lhe felicidades e que continue assim. Continuo escrevendo e tenho pensado muito sobre essa ideia de escrever uma história diferente. Tenho já alguns textos. Sinto-me insegura em alguns momentos, talvez por desconhecer a realidade completa. Adoro a ficção, mas não gostaria de criar uma fábula ou algo muito fantasioso, tenho um pouco de medo de ser tendenciosa, de falsear a realidade ou quem sabe legitimar estereótipos. É que escrever também é um trabalho árduo, e mais, escrever para mim mesma é muito diferente de escrever para os outros. Quando penso nas pessoas que poderão ler os meus textos, fico pensando que não devo pensar em mim, mas nos leitores, isto é, escrever o que eles gostam ou então não fará sentido algum continuar escrevendo. Por isso, eu gostaria de enviar-lhe posteriormente alguns capítulos de minha história, se você quiser que eu envie, é claro. Acho que você seria uma das pessoas adequadas para ler e criticar (e a sua opinião seria bem importante), seria algo bem imparcial já que não me conhece e não é minha amiga. Pois sempre que mostro algo que escrevo para algum amigo sempre recebo elogio e sempre desconfio também, exatamente por se tratar de pessoas que gostam de mim e que talvez não queiram me desapontar. O que não seria o seu caso.

Obrigada!
Quando for escrever pense em algo interessante para os dois lados, pois o autor escreve muito do que sente e abrange aqueles que também possam sentir o mesmo.
Entendo sua insegurança, pois como disse, não conhece a fundo a realidade, mas também coloco que elas são diversas, mutantes.
Claro que pode me enviar, agradeço pela confiança e espero contribuir com algo construtivo e quem sabe ver nascer uma escritora de histórias lésbicas!
Quando puder me enviar me avise!

Boa inspiração!

Beijos

Também quero lhe agradecer. Pelo apoio moral, por sua atenção e receptividade, pela credibilidade, por acreditar... Isso é muito importante, de verdade! Mesmo que a minha primeira história não saia assim tão boa, foi muito bom ler as suas palavras. Pude sentir algo como se eu não estivesse sozinha... Acho que é como diz aquele velho clichê: “quando outras pessoas sonham junto com você, o sonho pode se tornar realidade.” Parece que é mais ou menos isso. Obrigada mesmo!

De nada valeria a vida se não pudessemos incenticar alguém, elogiar. Seria tudo muito vazio e chato!
Dei força porque acredito que pode sim escrever algo bom, e mesmo que sua autocrítica seja feroz, calma. Nem sempre os melhores poemas foram terminados de uma só vez!

Muita criatividade, emoção e prazer na hora da escrita pra você!

Beijos

Eu acho que nem é tanto autocrítica. É que me parece ser um universo novo, desconhecido e muito distante de minha realidade. Até porque pertenço a uma família muito tradicional e conservadora que reprova a homossexualidade e coisas do tipo. E talvez eu mesma tenha sido influenciada a pensar de maneira equivocada. É por isso que me preocupo tanto e temo que isso venha a se refletir na minha escrita. Mas sinto, de repente, que aparece em minha vida outras possibilidades e acho que não somos nós quem escolhemos por quem devemos nos apaixonar ou não.
E sabe, tenho estudado muito sobre isso, andei buscando auxílio na Antropologia, na Sociologia, na Psicologia, tenho lido alguns artigos científico sobre o assunto. Pode ser que nem seja necessário estudar e ler tanto para se escrever um romance, mas tenho sentido muita curiosidade e interesse no assunto.

Te entendo. Os costumes ficam enraizados, guardados dentro de nós mesmo que pensemos diferentes.
É sempre bom ler, ter novos conhecimentos, mas pra vc perder esse medo, essa tradição embutida em você pelos costumes familiares, deverá arriscar-se, procurar por coisas que te instiguem.
O conselho de Psicologia já colocou que homossexualismo não é doença, o que muitas pessoas ainda acreditam que seja...Uma pena!

Escreva da forma que sair, a obra será sua e a veracidade virá com o tempo, tenha certeza!
Beijoss

Li o prefácio de um livro sobre Psicologia da homossexualidade. Achei bem interessante a abordagem da autora. Ela faz uma análise bem ampla da dimensão psicológica da homossexualidade. Encomendei esse livro, intitulado “A Experiência Homossexual”, de Marina Castaneda e estou aguardando ansiosamente a entrega. Não sei se você tem ou se já leu esse livro, mas pelo prefácio, considerei excelente e necessário a todas as pessoas, independente da orientação sexual. De uma maneira geral, principalmente aos pais, aos jovens, aos educadores e aos demais segmentos da sociedade... De acordo com as informações que li, essa autora examina as diferentes definições e explicações da homossexualidade e a maneira pela qual tem sido construída e interpretada, a identidade homossexual do ponto de vista subjetivo e social. Acho que ela esclarece muitas coisas que são mal interpretadas, desconhecidas e ignoradas.
Procuro ler bastante não somente em busca de informações, na maioria das vezes, procuro respostas às minhas dúvidas e indagações insistentes, mas nem sempre encontro isso nas leituras, muito pelo contrário, acabo sempre acumulando mais e mais questões e mais dúvidas.
Mas tem sido reconfortante para mim esse diálogo com você. Obrigada pela compreensão e pelas suas respostas.

Não conheço esse livro, procurarei sobre. Concordo que seria interessante essa leitura, essa abertura ao entendimento da questão que cada vez mais está sendo apresentada.
Talvez seu espírito queira mais que conhecimentos teóricos, talvez queira prática, algo que te dê sensações nunca sentidas, sentimentos, por isso minha insistência para que procure o que é novo, o que é diferente. Foi instigada assim que já estive e fui ao encontro das respostas pras minahs dúvidas e me encontrei e sou mais feliz hoje. Claro que se tropeça, se erra, se ilude, mas a vida também ensina muito e é preciso viver!
Gosto de ajudar quando posso e que bom que esse contato tem sido reconfortante.
Aprecie a vida de perto, não olhando ao longe apenas ;D

Beijooo

Ai, ai, parece que esse é o dilema: Teoria e prática. É muito mais fácil conhecer teoricamente. Tenho, constantemente, fantasias com mulheres, aliás, com uma mulher unicamente. E é por isso que não fiz nada para realizar, primeiro, por falta de coragem mesmo, segundo, porque nem sei se gosto de mulheres realmente ou se gosto apenas, única e exclusivamente dessa mulher. Por outro lado, como diz aquela música do Raul Seixas, “quem gosta de uma, gosta de todas porque todas são iguais”, será que é mesmo?
Quem sabe seja menos conflitante essa mudança de atitude (esse aventurar-se no desconhecido em busca de novidades e coisas diferentes), como você recomenda, quando se é mais jovem, quando se toma consciência desses instintos mais cedo na vida. Não que eu me considere assim tão idosa, nem tanto, porém, já tenho uma personalidade construída e me parece muito complicado ser diferente, não que eu não queira, mas porque tenho muitos bloqueios, muitos medos e muita timidez. Parece que já me acostumei com a minha vida tal como é, e me acomodei, embora eu sinta mesmo a falta de algo mais. Entretanto, sinto-me um tanto amedrontada, mas ao mesmo tempo, muito atraída a estar cada vez mais próxima de tudo aquilo que me faz sentir esse medo e todo esse desconforto... Nem sei se isso é normal ou se preciso de terapia. Contudo, é bom saber sobre esses relatos de sua experiência pessoal (que encontrou as respostas, que conseguiu se encontrar e, principalmente, que é feliz assim), isso me fez sentir mais motivação... Mais uma vez, grata, e uma feliz semana!

Se te conforta, como se descreveu era bem como eu me sentia, o fantasiar, o desejo primórdio por apenas uma e aos poucos, quando fui me permitindo desejar,outras vieram e a opção na época foi a internet, o bate-papo em salas virtuais e nesse desenrolar, surgiram oportunidades. Esse amadurecimento muitas vezes é sofrido por nossos próprios bloqueios, por nosso próprio preconceito aliado ao medo.
Você tem essa vontade do novo, do desconhecido e isso não tem idade. Se redescobrir nem sempre é uma tarefa fácil, mas o reencontro com outra de você é amável, é verdadeiro, é essencial. De que serviria nossa existência se continuássemos sempre estagnadas no mesmo ponto. Hoje você tem maturidade e personalidade, mas esse anseio mostra que não se abriu para conhecer mais de você, para conhecer o seu eu profundo. Você terá muitas dúvidas e medos, mas aos poucos você está se permitindo viver o que não viveu e reprimiu "sem ver".
Você pode ser quem ainda não espera, mas viva o hoje, apenas o hoje e tenho certeza que daqui um tempo você terá evoluído esse sentimento que pensa ser único!!!

Ótimo fim de semana!!

É bem interessante o que você disse e lendo essas belas palavras, em sua forma de expressão, parece que conseguiu me descrever melhor do que eu mesma. É incrível, também poder me sentir melhor e mais normal do que anteriormente.

Mas sabe, descobri coisas, nesses últimos dias, que eu nem imaginava: Uma, é que minha querida amiga se relaciona, simultaneamente, com meninos e meninas. Outra, é que existem mais boates gays em Campina Grande do que poderia localizar minha vã geografia local... E, ainda, que apesar das nossas afinidades, somos mais diferentes do que eu poderia acreditar. De repente, entendi que "ficar" com ela nem seria algo tão impossível assim de acontecer. Só que há grande diferença entre nós, ela parece que não leva muito a sério essas coisas de relacionamento afetivo, eu sim. Não queria me sentir desse jeito, mas isso me incomodou, inevitávelmente.

Pra você também, bom final de semana!

Está aí a prova de que hoje em dia as pessoas procuram por saciar aquilo que de alguma forma as consome.
Talvez esteja decepcionada porque essa descoberta sobre sua amiga quebrou sua idealização e desejos românticos de ter algo com ela. Sendo direta: acostume-se, pois as pessoas são bem diferentes do que idealizamos, mas esse processo tornou-se necessário para que você pudesse enxergar a verdade.
Agora, o que realmente te incomodou? Parou para analisar?
Já que descobriu que existem locais GLBT, o próximo passo é descobrir um amigo(a) ou até mesmo essa amiga (se tiver confiança) e conhecer algum. A princípio tremerá na base pensando em qual conhecido encontrará por lá, qual seria sua reação, o que essas pessoas poderiam pensar, mas depois do primeiro contato isso te trará a certeza: de que quer se conhecer nesses ambientes ou não. Porém você só irá se alguém de sua confiança for também, porque isso a deixará mais confiante para explorar.
Vá pensando nessa possibilidade, pois aquelas frases de praxe "a vida é uma só" e tantas outras, elucida a mais pura verdade. É melhor se conhecer a fundo, errar, do que ir embora desse mundo sem tentar.
Esteja sempre em busca das suas verdades, porque assim tentará sempre fazer o certo.
Ah, e não se preocupe, existem bem mais pessoas que frequentam esse lugar do que você pode imaginar e com certeza se surpreenderá com as que vier a ver por lá, rsrsrs.

Ótima Sexta e fds!!
Beijos

É difícil de responder o porquê, de me sentir mal, ao saber o quanto ela aprecia o “amor a la mista”, se é que posso dizer assim. O fato é que não estava mais aguentando e já havia decidido procurá-la para conversar. Pensei que se conversássemos e se eu abrisse o jogo e dissesse a ela tudo o que estava sentindo, certamente, haveria mudança, quem sabe até me sentisse melhor. E teria feito isso, se não tivesse a encontrado com um rapaz. Procurei saber se era namorado, mas ela negou, dizendo não querer saber de “envolvimentos” sérios. Daí então, preferi fazer o que o povo chama de “jogar verde”, e ela mesma acabou me confessando que também ficava com meninas, mas que preferia os homens, por eles serem mais práticos e simples - segundo ela - as mulheres são complicadas demais. Achei estranho ouvi-la dizer isso, como se ela não fosse mulher também.
Ou talvez eu seja ainda muito boba, antiquada, retrógrada, ridiculamente sentimental e ultrapassada ou qualquer outro adjetivo que se queira dar a isso. Não consigo não me envolver, não me apaixonar, não me entregar completamente, ainda que não seja correspondida. Também não consigo ficar com alguém simplesmente por capricho ou mesmo por passatempo, para não ficar sozinha, ou para inflar o ego e me sentir a irresistível, aquela “mulher fatal”, por isso não adotei essa “cultura do ficar”, já até tentei, mas não consigo ficar com alguém que eu não tenha o mínimo de sentimento por essa pessoa.
Não sei, acho que necessito de mais tempo, para me sentir em condições suficiente, para dar esse passo na vida. Não tenho me sentido preparada, também não sei se é possível de alguém se preparar para determinadas situações. Antes pensava que algumas pessoas já nasciam com esse destino, outras não, agora já não tenho mais certeza. Já ouvi dizer que “o mundo é gay”, que isso está em alta agora, que essa é a moda da contemporaneidade, no entanto, me sinto completamente desestruturada para me inserir nesse mundo gay.
Há momentos em que tenho tanta ansiedade, inquietações, melancolia misturada a uma adrenalina que nem sei explicar exatamente... Em outros, tenho mais vontade mesmo é de retroceder, dar a meia volta nessa minha loucura.
Lembro que há alguns meses atrás, antes de encontrar você aqui, eu vivia me negando, mas de repente, comecei a dialogar com você e, ao mesmo tempo, nesse contato, a reconhecer meus próprios sentimentos e a confessá-los a mim mesma. Vinha escrevendo secretamente em meu diário como sempre, mas, diferente de você, o diário não fala, nunca me responde nada. E parece que a partir de então, a cada dia, os sentimentos vão se tornando mais claros, mais reais do que antes. De qualquer maneira, gosto de ler as suas palavras sábias, equilibradas e gentis... Só posso lhe ser grata e desejar-lhe tudo de bom.

Vamos fazer um acordo? Pare de denegrir ou rebaixar a si mesma ou a seus próprios sentimentos. Toda descoberta ou amadurecimento, como queira chamar, incomoda, machuca, enlouquece e entristece ao mesmo tempo. Você está bem nesse ponto da sua vida e a vida está em seu auge simplesmente porque você está viva! Olha que coisa ótima!! Você tem sua confiança e seus sentimentos como um lindo bebê e, para todo bebê, damos o melhor, os maiores cuidados. É bom e é ruim essa superproteção, porque aos poucos descobrimos que o mundo anda tão solitário e doente, as pessoas não valorizam mais o real, o verdadeiro (e acredito que nem sabem mais o que é verdadeiro), porém, me parece que você pouco se doou as paixões, à vida e sinto que pouco conhece do que possa ser capaz. Já se sentiu verdadeira em cada carinho dado, em cada olhar mirado, em cada beijo e ali sentiu que pertencia, não à pessoa que está com você, mas aquele momento que em cada dia se modifica de tantas maneiras? As pessoas ferem, enganam, machucam, mas não é apenas no mundo gay, é em todo ele, universalmente doente de preconceitos e máscaras. Você está amadurecendo a retirada de uma que ja não te faz feliz e esse processo não é fácil.
O seu diário não fala ou falava, porém foi através dele que conseguiu se abrir primeiramente e ordenar suas perguntas, suas hipóteses...Onde conseguiu SE ordenar para então chegar até aqui e dizer o que sentia. Veja, mesmo que eu não saiba seu nome real, não conheça você ou tenha visto sua foto, você se revelou e isso foi uma prgressão. Hoje você consegue analisar com maior clareza o que sente e procurar por atingir seus objetivos dentro disso. A cada dia você vence mais suas barreiras internas e quando isso for ameno partirá para o mundo externo.
Não se preocupe com o tempo, com a idade, pois cada qual amadurece a seu próprio ritmo e para isso classificaria como o ritmo de reencontro natural, todos tem o seu.
Falar, nesse caso escrever, é o melhor que tem a fazer, seja conversando comigo ou com outras meninas aqui ou com você própria.
Existe amor real no mundo gay, mas poucos se dão conta disso, porque procuram o carnal, o fácil, a quantidade, bem como no mundo hetero. São as mesmas atitudes, só muda o cercado.
Viva em você o que está sentindo. Se for esse o seu caminho se sentirá livre e feliz e se não for, também o será, pois terá amadurecido os sentimentos e as idéias, mas não se culpe ou se fira com adjetivos feios, apenas aceite você.
Todos somos belos...Você está redescobrindo isso!!! Vivaaa!

Beijos

É, acho que tudo vai depender do que se pode ser entendido como “doar-se às paixões” e/ ou à vida. Se isso quer dizer algo mais ou menos assim como “aproveitar a vida”, a curtição, ao “oba-oba”, ou então a uma expressão mais elaborada do tipo “Carpe diem” ou sei lá mais o que... Se estiver relacionada a muita diversão, as festas e as noitadas... Então podemos dizer que sim, realmente, não me doei às paixões, não aproveitei a vida, não vivi e etc e tal.
Ou caso se refira às minhas relações com as pessoas, já não posso nem devo concordar que não tenha me doado. Apesar de sempre ter levado uma vida mais solitária, e não ter conhecido tantas pessoas, nem ter namorado tanto, mesmo assim, tudo o que vivi foi com muita intensidade e paixão. E as pessoas que passaram pela minha vida foram tão especiais e marcantes, que ao lembrá-las, ainda me sinto muito ligada ao que passou. Seria capaz de me apaixonar novamente por elas, quem sabe por uma segunda vez, se fosse possível. Pois deixaram lacunas, espaços, reticências que nem sei se ainda poderei resolvê-las, tanto que às vezes tenho a impressão de que viver é fragmentar-se a cada dia um pouco mais.
Você tem palavras bonitas, compreensivas, motivadoras e bem reconfortantes. Isso é algo que me faz sentir-me bem, e me leva também a repensar meus velhos paradigmas, atitudes, ideais e valores. Não que eu seja assim tão fácil de ser influenciada, mas creio que todos nós influenciamos e somos influenciados de certa forma, quer seja positivamente ou não. Tudo vai depender de onde estamos ou com quem nos relacionamos, apesar de nossa liberdade de escolha. Mas isso não vem ao caso, o que acho interessante e curioso, é que apesar de não me conhecer e não saber quem sou, às vezes, tenho a impressão de que me conhece e me entende mais do que meus próprios conhecidos que convivem comigo diariamente. Não sei se existe algum nome para isso, mas para que procurar nomes, parece que temos a mania de querer dar nome a tudo... E, assim, por aí segue as infinitas listas de nomes que as pessoas procuram dar ao que não conseguem entender ou não sabem explicar. E, a propósito, vejo entre essas listas de nomenclaturas as seguintes: "Gays, lésbicas, bi, hetero, homo"... E as siglas LGBT entre outras, e ainda há aquelas outras mais pejorativas e mais utilizadas no português popular de algumas pessoas. E então fico pensando: Não seria bem mais simples dizer apenas um ser humano que gosta de outro?